Verdadeiro Gramur

Sabe o que eu acho? O verdadeiro gramur não está nas coleções da Victoria's Secret, nem nos pubs londrinos da moda, nem no vestidos de um milhão de dólares da alta-costura francesa. Gramur mesmo é o milagre de todo dia da classe-média. Em especial, da classe-média brasileira que encontra jeito pra tudo nessa vida. Gramur à toda prova é ganhar o salário que a gente ganha e conseguir comprar aquele vestido parecido com aquele que a gente viu no São Paulo Fashion Week. Pela televisão, claro! Porque o mesmo salário que comprou o vestido, tem que dar pra pagar a tevê a cabo pra poder pegar o GNT que tem transmissão ao vivo dos desfiles. Se não der, só mesmo os flash do Jornal Nacional ou uma revista que sai um mês depois. Gramur de verdade é saber que os avanços estéticos estão tão avançados que até a Taís Araújo pode ter cabelo lisinho. Podemos ter o peito que quisermos, a bunda que quisermos e também não ter barriga nenhuma. Claro, se o mesmo salário que paga o vestido e a tevê a cabo, der pra pagar também a lipo. Gramur de verdade é manter a pose naquela festa badalada, mesmo sabendo que no outro dia a gente vai ter que ralar muito, acordar cedo, engolir sapo e trabalhar muitas horas extras, pra ganhar o salário que paga o vestido, a teve a cabo, a lipo e a conta da balada. Pode parecer o cúmulo do reacionário, mas eu acho que quem sofre de verdade é a classe-média, porque sabe de tudo que está sendo privada nessa vida. É essa imensa saudade do que nunca tivemos, da busca incansável pelo inalcansável... Gramur a gente não ganha, a gente conquista! Mesmo porque o grítter não tem luz própria, ele só reflete a luz que tem ao seu redor! Só pessoas iluminadas podem brilhar!!!!