sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Menino veneno
Muito além de menina veneno
Cantor e compositor, Ritchie se apresenta neste sábado em Londrina para lembrar antigos sucessos e, também, para mostrar que não ficou preso à década de 80
Fernando Araújo/JL
Ritchie celebra mais de 25 anos de carreira em Londrina, com um show na cidade dentro da programação do aniversário de 75 anos. Apesar de estar longe dos holofotes, ele não está parado e lançou recentemente seu primeiro registro ao vivo, o DVD Outra vez – Ao vivo no estúdio, que recupera sucessos e outras composições do passado, com arranjos diferentes dos sintetizadores, teclados e toda aquela produção esquisita que os músicos da década de 80 tanto gostavam.
No palco, ele sobe acompanhado de bons músicos em uma formação com cordas, metais e percussão. “Hoje tenho muito ligação com as guitarras, com instrumentos de metal, feitos de madeira, com algumas cordas, que é a sonoridade que tenho desenvolvido ao longo dos anos”, conta ele em entrevista por telefone. O caminho seguido também é uma forma para mostrar que o artista Ritchie tenta sobreviver ao rótulo. “É chato essa coisa de ser só o cantor da Menina veneno, dos anos 80”.
Mas não há como negar que o inglês radicado no Brasil há mais de 35 anos é um marco dos anos 80. Sua música mais famosa, Menina veneno, é uma daquelas letras que grudam no ouvido – o videoclipe exibia aquele visual new wave tupiniquim. Vímana, a primeira banda de Ritchie, era formada por Lobão e Lulu Santos tocando rock progressivo. Posteriormente, eles ajudaram a gravar o primeiro disco de Ritchie, que vendeu 1 milhão de cópias no Brasil de 1983 – e de onde veio o maior hit da carreira, pelo qual o cantor é lembrado até hoje.
Além de ter escrito sucesso que o fizeram ser um dos nomes mais populares da década, ele também foi protagonista da explosão do rock nacional, que, como lembra, foi responsável por desbancar o pop estrangeiro das paradas. Saíram Michael Jackson ou Bee Gees e entraram a Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Ultraje a Rigor e tantos outros.
Ritchie lembra da época quando as bandas saíram do porão para as paradas, os programas de televisão e, principalmente, as trilhas de novela. “Tudo começou com o sucesso da Blitz e as gravadoras viram que poderiam ganhar dinheiro com a gente”. Ele conta também que viu seu amigo Lulu Santos gravando um disco e sentiu que havia chegado o seu momento. “Não porque achava que era melhor. Mas porque todos éramos amigos e se um chegava os outros também poderiam”.
Lulu Santos e Lobão são amigos de longa data. Desde os tempos da banda de rock progressivo Vímana, que fez sucesso nos anos 80, chegando a tocar no festival Hollywood Rock e que foi representante importante do estilo no Brasil. Atualmente, a banda é cultuada na internet, com trocas entre fãs de registros musicais. “Éramos músicos ainda em formação e descobrindo seu som. Era bem engraçado, o tecladista tinha uns oito teclados que tinham que ser montados e programados toda vez que tocávamos”, conta com saudade.
Música de Ritchie virou febre nos casamentos em Angola
Ao entrar na capela para se casar, a noiva é brindada com os acordes de Menina veneno. Nem Ritchie acreditou, mas depois checou com os próprios olhos (e ouvidos) que os casamentos em Angola, na África, são celebrados com a sua música. “Quando me disseram que a minha música era um hino achei que era porque tocava na rádio. Mas ela toca mesmo na igreja no dia do casamento”.
Não é à toa que o cantor é muito popular no país africano colonizado por portugueses e já tem marcado duas datas para o mês de fevereiro na capital Luanda. Vai tocar na data em que se comemora o dia dos namorados. “É muito legal essa relação que eles tiveram com a minha música. Fiquei feliz quando vi que as noivas entram ao som de Menina veneno”.
A canção marco da carreira e sucesso além-mar foi escrita, conta ele, em 20 minutos dentro um porão que alguns chamavam de estúdio e onde foi gravado seu disco de estréia, Vôo de coração (1983). “Era tudo muito simples, muito precário, mas com muita gente boa envolvida e todos amigos”. Além de Lobão e Lulu, o disco ainda tinha a participação de nomes como Liminha, Chico Batera e do guitarrista inglês Steve Hackett.
Esse trabalho feito de forma simples é especial para Ritchie, mas que está distante de suas mãos. Sob contrato da gravadora, as fitas originais permanecem guardadas nos estúdios, assim como milhares de outros artistas que perderam os diretos de sua própria produção. “Tento recuperar os fonogramas, mas o estúdio não abre mão deles. E não tem nenhum plano também para eles”.
Um dos exemplos é a remasterização de Vôo do coração, que foi feita por Ritchie depois que ele descobriu que as fitas originais estavam submersas em um armazém alagado. “Sorte que tenho um amigo que possui equipamento de recuperação. As gravadoras são assim mesmo. Não enxergam nada”.
Serviço – Show do cantor Ritchie. Sábado, a partir das 20 horas, na Avenida Guilherme de Almeida (próximo ao Mercado Lisboa), na Zona Sul de Londrina. Grátis. Mais informações pelo telefone 3379-2300.
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7 comentários:
Nossa, esse é O programa, hein? Eu e outra gramurete da firma enganamos o mini Wolvi com essa história. A gente disse que queria ir, mas tinha medo, e pedimos a ele para nos acompanhar. Ele topou, haha!
He. E lá mini precisa ser enganado? Ele vai fácil.
Essa que foi a graça. Ele topou fácil, haha.
pena que a chuva atrapalhou
hum, acho que mini pode ser um ótimo candidato a xarope, hein?!
os genéricos não andam dando conta
FC se estiver lendo isso aqui não se assuste. É coisa de família!
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